Apokathilosis, black metal para exportação - Entrevista
Felipe Roquini: Apareceu
uma oportunidade profissional em Dublin, e resolvi aceitar. Era pra ser temporário
mas já estou por aqui há nove anos.
Ainda focado na Irlanda, como é o cenário do país? A cena
mais extrema tem bastante espaço por aí?
Felipe Roquini: Há muitos shows bons, tanto de bandas grandes
quanto bandas mais underground. Promoters e gravadoras locais como a Invictus
Productions e a Dublin Metal Events garantem sempre uma provisão contínua de
lançamentos e shows o ano todo. Curiosamente, temos um grupo de cinco ou seis
brasileiros que sempre comparecem aos shows, e estamos sempre em contato.
O primeiro álbum da banda, 'Where Angels Fear To Tread',
vem sendo muito bem recebido pala mídia especializada aqui no Brasil. Vocês
esperavam por isso?
Felipe Roquini: Fico
contente em ver o nome do Apokathilosis sendo reconhecido cada vez mais. Minha
satisfação pessoal sempre foi de dar vazão à minha criatividade na forma deste
conceito musical e filosófico que representamos. Minha intenção ao divulgar a
banda é plantar uma semente no inconsciente coletivo e observar as reações à
nossa proposta artística.
No álbum, podemos sentir aquele "clima" do
Black Metal dos anos 90, mas sem soar datado. Isso foi intencional? Como
funciona o trabalho de composição?
Felipe Roquini: Não foi
necessariamente intencional, mas um processo natural diante das emoções que
queremos transmitir musicalmente. Eu cresci nos anos 90 ouvindo constantemente
as bandas europeias em seu auge (Rotting Christ, Immortal, Mayhem, Satyricon,
Burzum, Gorgoroth, Emperor, etc), e também sempre fui influenciado pelos pioneiros
(Bathory, Sarcófago, Blasphemy, etc), então é natural que nossas composições
reflitam essa influência.
Os sons geralmente
começam com uma sequência de riffs que forma o arranjo principal, seguido da
bateria e baixo. Com o “esqueleto” do som pronto, passamos para as letras,
vocais e finalmente uma dose de sintetizadores pra fechar o clima. Eu e o
Marttjn trocamos ideias de sons, geralmente quase prontos, via Internet. Daí
pra frente eu trabalho nestas ideias no meu home-studio em todos os instrumentos
separadamente.
Outro aspecto que chama
muito a atenção são as letras que fogem um pouco do comum nos grupos de Black
Metal e busca outras "visões". Qual a inspiração para as letras?
Felipe Roquini: Eu
tenho um grande interesse no desenvolvimento da espiritualidade pessoal livre
de dogmas religiosos, numa forma de empoderamento e libertação pessoal. Eu
entendo as religiões como um método de controle de massa, e algo que nós como
sociedade precisamos nos libertar. Religiões em sua essência representam uma
coerção psicológica que aprisiona a humanidade, muitas vezes de forma sutil e
revestido de doces palavras e intenções. Embora isso não seja uma novidade no
black metal, eu procuro representar este conceito numa abordagem diferente.
A nossa diferença em
lidar com este tópico é desafiar conceitos básicos sobre a natureza da
consciência e suas relações com supostas autoridades, sejam elas físicas ou
espirituais. Procurar entender a natureza transitória do ego encarnado e nosso
real poder que reside além de nossas limitações físicas. Rejeitar enfaticamente
qualquer suposta relação mestre/discípulo baseados em violência
psicológica.
No CD “Where Angels Fear
to Tread” eu me inspirei bastante no conteúdo do The Law of One (www.lawofone.info) e nos livros do Michael Reccia, principalmente o “The Fall”. São
mensagens fortes de empoderamento e responsabilidade numa espiritualidade
individual soberana e equânime.
A banda é um duo. Vocês
pensam em fazer shows? Fariam como um duo ou chamariam outros músicos? Alguma
chance de tocar no Brasil?
Felipe Roquini: Não só
somos um duo, mas cada um de nós moramos num continente diferente, o que
dificulta bastante caso apareçam oportunidades para shows. Não temos planos de
tocar ao vivo por enquanto, mas se um dia a oportunidade aparecer teremos que
montar uma live line-up. Certamente chamaríamos outros músicos pra reproduzir
com fidelidade o que gravamos no CD. É possível porém um pouco improvável no
momento.
Quais os próximos planos
do Apokathilosis? Quando teremos um novo disco?
Felipe Roquini: Estamos
compondo três ou quatro sons para um EP. Fiquem ligados na nossa página do
Facebook pois teremos mais novidades em breve.
O espaço é da banda.
Fique à vontade!
Felipe Roquini: O
Apokathilosis celebra a bravura e grandiosidade das almas que desceram ao
abismo do planeta Terra, e reforça a percepção de que a vida é
incondicionalmente eterna e o espírito é e sempre será soberano. Junte-se a
nós.
Obrigado ao Acervo Clave pelo espaço e apoio.
Contato: