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quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Apokathilosis, black metal para exportação - Entrevista


 A primeira pergunta não poderia ser outra: como um Black Metaller brasileiro foi parar na Irlanda?
Felipe Roquini: Apareceu uma oportunidade profissional em Dublin, e resolvi aceitar. Era pra ser temporário mas já estou por aqui há nove anos.

Ainda focado na Irlanda, como é o cenário do país? A cena mais extrema tem bastante espaço por aí?
Felipe Roquini: Há muitos shows bons, tanto de bandas grandes quanto bandas mais underground. Promoters e gravadoras locais como a Invictus Productions e a Dublin Metal Events garantem sempre uma provisão contínua de lançamentos e shows o ano todo. Curiosamente, temos um grupo de cinco ou seis brasileiros que sempre comparecem aos shows, e estamos sempre em contato.

O primeiro álbum da banda, 'Where Angels Fear To Tread', vem sendo muito bem recebido pala mídia especializada aqui no Brasil. Vocês esperavam por isso?
Felipe Roquini: Fico contente em ver o nome do Apokathilosis sendo reconhecido cada vez mais. Minha satisfação pessoal sempre foi de dar vazão à minha criatividade na forma deste conceito musical e filosófico que representamos. Minha intenção ao divulgar a banda é plantar uma semente no inconsciente coletivo e observar as reações à nossa proposta artística. 

No álbum, podemos sentir aquele "clima" do Black Metal dos anos 90, mas sem soar datado. Isso foi intencional? Como funciona o trabalho de composição?
Felipe Roquini: Não foi necessariamente intencional, mas um processo natural diante das emoções que queremos transmitir musicalmente. Eu cresci nos anos 90 ouvindo constantemente as bandas europeias em seu auge (Rotting Christ, Immortal, Mayhem, Satyricon, Burzum, Gorgoroth, Emperor, etc), e também sempre fui influenciado pelos pioneiros (Bathory, Sarcófago, Blasphemy, etc), então é natural que nossas composições reflitam essa influência.
Os sons geralmente começam com uma sequência de riffs que forma o arranjo principal, seguido da bateria e baixo. Com o “esqueleto” do som pronto, passamos para as letras, vocais e finalmente uma dose de sintetizadores pra fechar o clima. Eu e o Marttjn trocamos ideias de sons, geralmente quase prontos, via Internet. Daí pra frente eu trabalho nestas ideias no meu home-studio em todos os instrumentos separadamente.


Outro aspecto que chama muito a atenção são as letras que fogem um pouco do comum nos grupos de Black Metal e busca outras "visões". Qual a inspiração para as letras?
Felipe Roquini: Eu tenho um grande interesse no desenvolvimento da espiritualidade pessoal livre de dogmas religiosos, numa forma de empoderamento e libertação pessoal. Eu entendo as religiões como um método de controle de massa, e algo que nós como sociedade precisamos nos libertar. Religiões em sua essência representam uma coerção psicológica que aprisiona a humanidade, muitas vezes de forma sutil e revestido de doces palavras e intenções. Embora isso não seja uma novidade no black metal, eu procuro representar este conceito numa abordagem diferente.
 A nossa diferença em lidar com este tópico é desafiar conceitos básicos sobre a natureza da consciência e suas relações com supostas autoridades, sejam elas físicas ou espirituais. Procurar entender a natureza transitória do ego encarnado e nosso real poder que reside além de nossas limitações físicas. Rejeitar enfaticamente qualquer suposta relação mestre/discípulo baseados em violência psicológica. 
 No CD “Where Angels Fear to Tread” eu me inspirei bastante no conteúdo do The Law of One (www.lawofone.info) e nos livros do Michael Reccia, principalmente o “The Fall”. São mensagens fortes de empoderamento e responsabilidade numa espiritualidade individual soberana e equânime.

A banda é um duo. Vocês pensam em fazer shows? Fariam como um duo ou chamariam outros músicos? Alguma chance de tocar no Brasil?
Felipe Roquini: Não só somos um duo, mas cada um de nós moramos num continente diferente, o que dificulta bastante caso apareçam oportunidades para shows. Não temos planos de tocar ao vivo por enquanto, mas se um dia a oportunidade aparecer teremos que montar uma live line-up. Certamente chamaríamos outros músicos pra reproduzir com fidelidade o que gravamos no CD. É possível porém um pouco improvável no momento.

Quais os próximos planos do Apokathilosis? Quando teremos um novo disco?
Felipe Roquini: Estamos compondo três ou quatro sons para um EP. Fiquem ligados na nossa página do Facebook pois teremos mais novidades em breve.

O espaço é da banda. Fique à vontade!
Felipe Roquini: O Apokathilosis celebra a bravura e grandiosidade das almas que desceram ao abismo do planeta Terra, e reforça a percepção de que a vida é incondicionalmente eterna e o espírito é e sempre será soberano. Junte-se a nós.
Obrigado ao Acervo Clave pelo espaço e apoio.

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